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O que é e como fazer a hipótese do seu trabalho

Um elemento básico de um trabalho científico é a hipótese. Isso porque ela é uma afirmação que pode ser testada por outros pesquisadores por meio do método científico. Mas você está em dúvidas de como formular um boa hipótese para o seu trabalho? Acompanhe aqui as nossas dicas!

Mas o que é uma hipótese?

Uma hipótese é uma afirmação provisória sobre a relação entre duas ou mais variáveis. É uma previsão específica e testável sobre o que você espera que aconteça em um estudo. Seguindo o método científico, nós criamos uma pergunta que queremos responder sobre um estado de coisas, fazemos algumas pesquisas iniciais e, em seguida, antes de nos prepararmos para responder à pergunta realizando um experimento e observando o que acontece, identificamos o que achamos que acontecerá, ou seja, nós fazemos um palpite, ao qual a ciência dá o nome de hipótese.

Tal hipótese será provada ou refutada, mas o que achamos que acontecerá deve se basear em uma pesquisa preliminar e na compreensão dos princípios científicos envolvidos no experimento ou estudo proposto. Ou seja, não se trata de simplesmente adivinhar à esmo, pois não estamos dando um tiro no escuro. Não é “do nada” que nasce a nossa hipótese. Ao contrário, nosso “palpite” é feito com base no que já sabemos e no que já aprendemos com a pesquisa, embora ainda em estágio inicial.

Uma hipótese é, em resumo, uma declaração específica de previsão. Descreve em termos concretos (e não teóricos) o que você espera que aconteça em seu estudo. Nem todos os estudos têm hipóteses. Às vezes, um estudo é projetado para ser exploratório (pesquisa indutiva). Não há hipótese formal, e talvez o objetivo do estudo seja explorar mais profundamente alguma área, a fim de desenvolver alguma hipótese ou previsão específica que possa ser testada em pesquisas futuras. Um único estudo pode ter uma ou várias hipóteses.

Exemplo de hipótese

Digamos que nós construímos um ambiente de observação no fundo do mar. E nosso objetivo seja estudar o comportamento das lagostas. Observamos que elas gostam de viver sob as pedras e, se possível, entre as fendas das pedras adornadas com conchas e algas marinhas, o que seria, no habitat, o melhor nicho possível. Acontece que há disputa de território, pois não são todos os ambientes assim tão bons. Começa ocorrer, portanto, uma disputa territorial segundo a qual os mais fortes vencerão. Observando tal disputa, podemos formular uma hipótese:”

Se houver disputa territorial, as lagostas entrarão em combate físico e a mais forte vencerá a luta”.

A hipótese segue um modelo lógico sujeito à falseabilidade e à reprodução experimental. Ou seja, partindo do modelo proposicional “se p, então q”, é possível reproduzir a experiência de “p” e observar (ou não) a consequência “q” alegada. Uma hipótese leva a uma ou mais previsões que podem ser testadas por meio de experimento. As previsões geralmente assumem essa forma e devem incluir uma variável independente (o fator que você altera em um experimento) e uma variável dependente (o fator que você observa ou mede em um experimento). Uma única hipótese pode levar a várias previsões, mas, em geral, uma ou duas previsões são suficientes para um projeto de pesquisa.

E se eu errar?

O que acontece se, no final do seu projeto científico, você olhar para os dados que coletou e perceber que eles não dão suporte à sua hipótese? Primeiro, não entre em pânico! O objetivo de um projeto de ciência não é provar corretamente sua hipótese. O objetivo é entender mais sobre como o mundo natural funciona. Ou, como se diz, descobrir a “verdade científica”. Quando os cientistas fazem um experimento, muitas vezes têm dados que mostram que sua hipótese inicial estava errada. Por quê? Bem, o mundo natural é complexo -são necessárias muitas experiências para descobrir como ele funciona -e quanto mais explicações você testar, mais perto você fica de descobrir a verdade.

Para os cientistas, refutar uma hipótese ainda significa que eles obtiveram informações importantes e podem usá-las para tornar sua próxima hipótese ainda melhor. Em um ambiente de pesquisa, a comunidade acadêmica pode ficar ainda mais impressionada com projetos que começam com uma hipótese defeituosa; o que importa mais é se você entendeu seu projeto, teve um experimento bem controlado e tem ideias sobre o que faria a seguir para melhorar seu projeto se tivesse mais tempo.

O que é “erro”?

A hipótese que tomamos de exemplo é, senão errada, incompleta. Acontece, pois, que lagostas não se embatem de primeira. Segundo o doutor Jordan Petersen, “Às vezes, apenas pela demonstração do tamanho da pinça, uma lagosta consegue identificar imediatamente que é muito menor que o seu oponente, e, então, sairá sem lutar. A informação química que é trocada pelo líquido pode causar o mesmo efeito, convencendo uma lagosta menos saudável ou menos agressiva a recuar”. E o fato foi objeto de longas investigações para testar a hipótese.

Vale a pena notar, os cientistas nunca falam sobre sua hipótese de estar “certa” ou “errada”. Em vez disso, eles dizem que seus dados “suportam” ou “não suportam” suas hipóteses. Isso remonta ao ponto em que a natureza é complexa -tão complexa que é preciso mais do que um único experimento para descobrir tudo, porque um único experimento pode fornecer dados enganosos.

Lembre-se de que uma hipótese não precisa estar correta. Embora a hipótese preveja o que os pesquisadores esperam ver, o objetivo da pesquisa é determinar se esse palpite está certo ou errado. Ao conduzir um experimento, os pesquisadores podem explorar vários fatores para determinar quais podem contribuir para o resultado final. Em muitos casos, os pesquisadores podem descobrir que os resultados de um experimento não suportam a hipótese original. Ao escrever esses resultados, os pesquisadores podem sugerir outras opções que devem ser exploradas em estudos futuros.

Fazer uma pergunta

Comece sempre por fazer uma pergunta, pois o levantamento de uma hipótese começa com uma pergunta de pesquisa que você deseja responder. A questão deve ser focada, específica e pesquisável dentro das restrições do seu projeto. Ou seja, não se encaixa no escopo de perguntas científicas para hipóteses perguntar coisas que não são passíveis de investigação como “será que o ser humano só acessa a realidade última das coisas por meio de distorções que sua percepção projeta ao apreendê-la?”. Esta é uma excelente pergunta epistemológica, base da Crítica da Razão Pura de Kant e, de fato, torna-se a hipótese filosófica e a grande tese dele. Mas não é falseável, ou seja, não se encaixa no escopo científico de perguntas que podemos fazer e repetir experimentos para confirmá-las ou negá-las com dados coletados empiricamente.

Pesquisa preliminar

Após escolher a pergunta, sua resposta preliminar à pergunta deve se basear no que já é conhecido sobre o assunto. Procure teorias e estudos anteriores para te ajudar a formar boas suposições sobre o que sua pesquisa encontrará. Nesse estágio, você pode construir uma estrutura conceitual para identificar quais variáveis você estudará e quais as relações entre elas. No caso da hipótese escolhida por nós de exemplo, sobre o comportamento das lagostas numa determinada situação, há muitos estudos a respeito, que consideraram vários fatores, como as estruturas neuroquímicas dos animais, seus mecanismos de defesa, etc.

Você deve pensar em termos de falseabilidade, ou seja, de possibilidade de reprodução e testes futuros. Para criar uma hipótese “testável”, verifique quais experimentos você precisará realizar para fazer o teste. Além disso, identifique as variáveis no projeto, inclua, ainda, as variáveis independentes e dependentes na declaração de hipótese, porque isso ajuda a garantir que sua declaração seja suficientemente específica. Faça sua pesquisa preliminar, pois você pode descobrir que muitos estudos semelhantes aos seus já foram realizados. Assim, o que você aprender com a pesquisa e os dados disponíveis poderá te ajudar a moldar seu projeto e hipótese. Não dê um passo maior que as pernas. Responder a algumas perguntas científicas pode envolver mais de um experimento, cada um com sua própria hipótese. Verifique se a sua hipótese é uma afirmação específica relacionada a um único experimento.

A formulação da hipótese

Formule sua hipótese, agora que você já deve ter uma ideia do que espera encontrar. Uma hipótese é uma afirmação, não a pergunta. Ou seja, sua hipótese não é a questão científica em seu projeto, mas a hipótese é uma previsão científica e testável sobre o que acontecerá. Escreva sua resposta inicial à pergunta em uma frase clara e concisa. A pergunta vem primeiro, pois, antes de fazer uma hipótese, você deve identificar claramente a pergunta que está interessado em estudar. Há três modos de formular sua hipótese. Para identificar as variáveis, você pode escrever uma previsão simples no formato “se P, então Q”. A primeira parte da sentença indica a variável independente e a segunda parte afirma a variável dependente nos resultados. Por exemplo:

“Se houver disputa territorial, as lagostas entrarão em combate físico e a mais forte vencerá a luta”.

Em pesquisas acadêmicas, as hipóteses são mais comumente formuladas em termos de correlações ou efeitos, com o que você declara diretamente a relação prevista entre as variáveis envolvidas.

“Numa disputa territorial entre uma lagosta mais fraca e outra mais forte, a mais fraca terá por instinto de sobrevivência o ímpeto de fugir e evitar o embate físico”.

Se você, no entanto, estiver comparando dois grupos, a hipótese pode indicar que diferença você espera encontrar entre eles.

“Uma lagosta com níveis altos de serotonina e baixos de octopamina tem poucas chances de recuar se for desafiado, enquanto uma lagosta com a condição inversa demonstra maiores tendências à fuga”.

Aperfeiçoamento de hipótese

Você precisa garantir que sua hipótese seja específica e testável, por isso, é necessário refiná-la. Existem várias maneiras de formular uma hipótese, mas todos os termos que você usar devem ter definições claras e a hipótese deve conter as variáveis relevantes, o grupo específico em estudo e o resultado previsto do experimento ou análise. Deixe tudo muito claro. Uma boa hipótese é escrita em linguagem clara e simples. Isso porque a leitura de sua hipótese deve informar a um professor ou a uma banca examinadora exatamente o que você pensou que aconteceria quando você iniciou seu projeto. Mas mantenha as variáveis sempre em mente. Uma boa hipótese define as variáveis em termos fáceis de medir, como quem são os participantes, o que muda durante o teste e qual será o efeito das alterações.

Verifique se sua hipótese é “testável”. Para provar ou refutar sua hipótese, você deve poder fazer um experimento e fazer medições ou fazer observações para ver como duas coisas (suas variáveis) estão relacionadas. Você também deve poder repetir sua experiência repetidamente, se necessário.

Revisão de hipótese

Revise os materiais. Verifique se os materiais que você usou estavam corretos para o procedimento ou experimento, se nenhum deles expirou e se você usou a quantidade correta de cada material. Verifique duas vezes todas as medidas e unidades, ou dados e estatísticas. Revise as etapas do procedimento, pois voltar com cuidado pelas etapas do procedimento pode garantir que você não deixe nenhuma etapa fora. Assim, você executará cada etapa do modo mais completo e conforme prescrito pelos procedimentos metodológicos seguidos. Se o seu projeto envolve peças eletrônicas ou de robótica, é especialmente importante voltar e verificar o posicionamento de todos os componentes ou partes de um circuito. Revise suas variáveis sempre, ou seja, veja quais são suas variáveis e como você mudaria a variável independente no projeto de ciências. Você mudou como planejado? Revise as etapas que você tomou. Você mudou alguma coisa que possa ter criado um resultado inesperado?

Revisão de dados

Revise seus dados, pois parte essencial da hipótese foi a coleta de dados durante todas as suas experiências para o seu projeto científico. Certifique-se de que, ao analisar seus dados, você não tenha criado um dado errôneo acidentalmente. Verifique novamente todos os cálculos e, se você precisar fazer conversões para unidades diferentes, verifique-os cuidadosamente. Considere a fonte do projeto. Assim, se você usou um projeto científico já feito anteriormente, deve esperar que o procedimento experimental funcione de modo parecido. Conversar sobre o que aconteceu de diferente com um professor ou com outro especialista pode ajudar a identificar possíveis erros.

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